Ainda estou absorvendo o filme...
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Esse filme já estava no meu HD desde Março. É o mais antigo que tenho arquivado.
Sinceramente não sei porque demorei tanto para assisti-lo, acredito que muitos de vocês já assistiram e tiraram suas próprias conclusões. Realmente é um filme polêmico, e o que torna mais polêmico ainda é o fato de ser baseado em fatos reais e podermos ver essa moça na mídia hoje em dia como uma celebridade.
Não estou aqui para julga-la, quem sou eu para isso? Mas o filme me fez refletir.
Seria muito hipocrisia da minha parte se não dissesse que uma grande porcentagem de minha pessoa quis assistir para ver a bela Débora Secco seminua e em algumas cenas mais picantes, bem que hoje em dia, as novelas não ficam muito atrás.
Toda essa minha "animação" caiu por terra logo na primeira cena, acredito que foi justamente essa a ideia do diretor: impactar logo de cara quem pensasse que iria assistir um filme erótico ou daqueles que passam nas altas horas da noite. Apesar de mostrar cenas de nudez e sexo (não explícito), o filme é muito denso, triste e melancólico.
Fez-me pensar muito sobre como o ser humano atualmente é vazio, é isso que eu vi na trama, um enorme vácuo na alma das pessoas. Não estou falando apenas das garotas de programa, mas sim, dos clientes, a carência afetiva, a solidão, a falta de diálogo que não existe mais nos casais e portanto o marido procura fora do lar alguem que o ouça ou uma transa como se isso fosse tapar o enorme buraco em seu coração. Não estou querendo de forma nenhuma justificar tais ações, mesmo porque muitos homens não possui caráter e traem suas esposas descaradamente, mas apenas mostrar que tem muita coisa errada nos nossos dias, e isso é a falta de amor, amor ao próximo, falta de amor dentro dos lares (a forma como a Raquel era tratada pelo seu pai e pelo irmão, pelo fato dela ser adotada) a falta de amor próprio principalmente.
O desprezo da família e dos colegas da escola foi tão grande que ela começou a aceitar aquilo como uma verdade em sua vida, e começou a se auto-destruir, percebe-se muito bem isso o jeito como ela trata os clientes, com frieza e cinismo, principalmente o tal do Hudson (Cássio Gabus Mendes) que foi uma pessoa que sempre estava do lado dela nas horas mais difíceis.
Acredito que Raquel escolheu essa vida por dois motivos: Primeiro, por falta de apoio e carinho família e amigos. A primeira pessoa que sorri para ela no filme é a cafetina Larissa (Drica Moraes) e é onde transcorre a primeira parte do filme. Segundo, a culpa, de alguma forma ela se sentia culpada por se achar estranha, um peixe fora d'água, sentimento muito comum quando somos adolescentes e fugir de casa foi o modo que ela encontrou para resolver seus problemas existenciais, quando ela foge de casa, ela apenas não foge da família, mas ela foge dela mesma, tanto que Raquel vira Bruna.
A segunda parte do filme que mostra seu auge é o mais triste, pois na vida, tudo que sobe acaba descendo, e assim também foi a fama de Bruna Surfistinha, o filme mostra bem como as drogas foram um fator catastrófico e destruidor na vida dessa moça. A fama sobe à cabeça graças ao seu visitado Blog que se torna um fenômeno com uma quantidade de acessos que se eu tivesse 1% dessas visitas no meu humilde Blog, seria o cara mais feliz do mundo, mas como não falo de pornografia acho meio difícil que isso aconteça algum dia.
A fama, as festas e as baladas fazem ela se sentir indestrutível e a droga entra em sua vida de uma forma sútil e quando se dá conta, já esta no fundo do poço fazendo programas por vinte reais em uma espelunca que é por onde a trama começa.
Pode-se tirar lições desse filme, algumas bem obvias (não usar drogas por exemplo) outras nem tanto. Aprendi que devo olhar mais para as pessoas que estão ao meu lado, ser mais sensível ao meu próximo, exercitar o autruismo, porque quando estamos andando na beira do precipício tem tantas pessoas dispostas a nos empurrar mas muito poucas a estender a mão e nos tirar da beirada.
Hoje, quantas "Raquéis" estão a um passo de se tornarem "Brunas"? Não me refiro a entrar no mundo das drogas e prostituição, mas quantas pessoas precisam de uma mão, de uma palavra, ou apenas serem ouvidas, um pouco de atenção ao seu próximo pode fazer um bem muito grande, não somente para ele, mas principalmente para você.
No geral, é um bom filme, um drama muito denso como disse, algumas cenas fortes porém, com uma bela fotografia, belas tomadas da cidade de São Paulo e o que me chamou a atenção é a bela trilha sonora com lindas músicas principalmente no final, que toca Fake Plastic Trees da banda Radiohead.
Quem não assistiu ainda, eu recomendo, lembrando que não é um filme indicado para crianças, talvez para maiores de 16 ou 18 anos. Algumas curiosidades: A própria Raquel Pacheco faz uma ponta no filme e o jogador Dentinho (ex-Corinthians) também aparece.
Assista, com certeza é um filme para refletir sobre a inversão de valores da nossa sociedade pós-moderna e o enorme vazio do ser humano e sua busca para preenche-lo com sexo, com drogas, com baladas, um vazio que só pode ser preenchido por Deus.
Trailer:
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